Torcer faz bem?

 Por Mariana Carrera

Acabo de chegar do Pacaembu, infelizmente obriguei meu pai a arrumar ingressos para o jogo que eu achava ser a salvação do Corinthians. Mas deixando todo o drama corintiano de lado, gostaria de contar o verdadeiro drama, aquele vivido pelos torcedores para assistir um simples Corinthians e Vasco.

Eram 21h e 40min e a fila do tobogã, par e ímpar, contornava o Pacaembu. As filas para os outros setores eram menores, mas tão desorganizadas quanto. Não havia uma alma sequer para tentar facilitar toda a entrada das pessoas. Alguns privilegiados que conseguiram entrar antes do início do jogo tiveram que apreciar o espetáculo de pé nas escadas ou coladas no alambrado. A malandragem rolava solta, outros privilegiados, que não tinham ingresso, invadiram a arquibancada laranja, quebrando uma da portas de madeira e causando um enorme alvoroço para os que tentavam entrar.

O trânsito já caótico estava ainda pior. Alguns caminhões tentavam subir em direção a Dr. Arnaldo, mostrando a falta de planejamento da CET em relação à facilidade que deveria ser proporcionada para a chegada ao estádio. Não poder parar os carros na Praça Charles Miller já é revoltante, o pior é ainda ter que pagar a bagatela de 20 reais para parar na rua. Esqueceram de avisar que a rua é um espaço público. Os torcedores andando pelas ruas também dificultaram a circulação daqueles que passavam por ali. E ai daquele que buzinasse, logo era chamado de bambi.

O policiamento como sempre também deixou a desejar. Os policiais não fizeram absolutamente nada para ajudar na organização dos que tentavam entrar no estádio, e a maioria estava a cavalo, congestionando ainda mais o tráfego local. Vi uns três policiais correndo e soltando bomba de gás lacrimogêneo no início do jogo para conter sabe lá o que. No final do segundo tempo um cordão foi montado ao redor do campo a espera de alguma reação violenta da torcida, que só não atacou pois o Goiás também perdeu.  

E o que acredito tenha sido o principal fator para todo esse caos: os ingressos para o jogo eram da promoção da Nestlé. É inadmissível que um jogo dessa importância, que já iria lotar sem promoção alguma, tenha tido convites promocionais sabendo que não temos nenhum tipo de organização para essas partidas de futebol. Eu sou a favor da promoção Torcer faz bem,  porém dentro de um planejamento. Não havia funcionários da Nestlé suficiente para organizar filas e etc. Ninguém faria o jogo decisivo do campeonato com promoção Nestlé, e esse era o caráter desse jogo para o Corinthians.

E esse é o país sede da Copa de 2014. De resto foi tudo normal.  


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