Jogos Épicos / Hombridade no Futebol

Há muito não assistia a um jogo épico. Muitos gols, raça, correria, lances inusitados, lindos tentos…

Nesta segunda-feira assisti à disputa entre Tottenham e Aston Villa, pela Espn Brasil, jogo este disputado no estádio White Hart Lane, em Londres.

A disputa tinha tudo para ser morna. Os donos da casa estavam em 18º lugar, primeiro time da zona de rebaixamento. Os visitantes estavam em décimo lugar. E suas posições após o jogo se mantiveram, isto por que o placar foi um bonito 4 a 4.

Os donos da casa fizeram 1 a 0, mas aos 13’do segundo tempo o jogo estava 4-1 para os visitantes abusados. A reação veio: 4-2, 4-3, e aos 47’, o Tottenham conseguiu o gol de empate, com o zagueiro Kaboul. O jogo contou com duas falhas do goleiro Robinson (Tottenham), com um gol para cada lado onde o impedimento foi ignorado, e com golaços, inclusive o último.

A intenção aqui é lembrar de outros jogos épicos. No Brasileirão, o último foi o 4-3 do Cruzeiro sobre o Atlético, no clássico mineiro. Além de tudo que um bom jogo pode ter, este contou com mais duas coisas: as viradas e a individualidade. A vantagem inicial de dois gols da Raposa foi substituída pela vantagem de um gol do Galo; e após a entrada de Kerlon e Guilherme (individualidades), trouxe a vantagem de volta para o Cruzeiro.

Para alguns, os jogos épicos são aqueles em que envolvem seu time do coração e que afloram emoções. No meu caso, o meu jogo épico preferido foi o 2-1 que o Corinthians aplicou no Santos, no segundo jogo da semifinal do Paulistão de 2001. O empate persistiu até os 48’ o segundo tempo, quando Ricardinho mandou a agonia corinthiana para o fundo das redes. E para vocês, quais são os jogos que não saem da memória?

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Ontem, na vitória do Goiás sobre a o time da estrela solidária (que nos últimos dez jogos pelo Brasileirão, perdeu cinco, empatou três e ganhou apenas dois) o jogo já estava decidido quando o lateral-direito Maurinho entrou no time do Goiás, aos 37’ do segundo tempo no lugar de Chiquinho. E sua permanência em campo durou apenas 11 minutos. Isto porque o jogador deu um carrinho com das duas pernas no jogador alvinegro, parecido com o famoso carrinho que Edmundo (Palmeiras) deu em Paulo Sérgio (Corinthians), na final do Brasileirão de 1993, com as duas solas ao ar.

Muitas pessoas defendem que dentro de campo com o sangue quente, os desentendimentos, xingamentos, o clima hostil e os lances ríspidos são naturais. Mas o que me revoltou foi o infrator da vez. Este lateral-direito ficou muito tempo parado, em recuperação de uma lesão no ligamento cruzado anterior da perna direita. E a sua entrada poderia ter causa um grave problema em seu adversário. O que passa pela cabeça de um profissional deste? Só ele sabe o que passou no tempo que ficou sem jogar, em recuperação e vendo seus companheiros disputando jogos.

Por onde anda o Fair Play? A FIFA defende, mas a UEFA parece não ser a favor. No fim da semana passada, ela recomendou que os jogadores não coloquem a bola para fora caso haja um atleta caído no campo, pois entende que o árbitro que é o responsável por paralisar a partida ou não. A entidade assegura também que quando uma equipe tira a bola do campo, não deve esperar que o adversário lhe devolva a posse de bola.

As declarações da entidade mostram um incentivo à falta de cavalheirismo em campo. E isso acontece apenas uma semana depois de um dos maiores exemplos de ética futebolística dos últimos anos.

O caso foi o seguinte, no dia 28 de agosto, o Nottingham Forest recebeu o Leicester City pela segunda fase da Copa da Liga Inglesa, e foi para o intervalo ganhando por 1-0. No vestiário, um jogador do time visitante sofreu duas paradas cardíacas, e o jogo foi suspenso. Com o cancelamento da partida, o jogo foi remarcado e no dia 18 último, os times se enfrentaram novamente com o placar de 0-0. Na saída de bola, o time do Leicester deixou que o goleiro adversário conduzisse a bola até o gol para que a vantagem fosse restabelecida.

Os jogadores de futebol são sim espelhos para seus torcedores, e atitudes como a dos times ingleses incentivam uma competitividade com hombridade. Será possível?

por Marcelo Braga


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